Quais os objetivos do Hamas? Análise do conflito Israel-Palestina

Entender o conflito Israel-Palestina, compreendendo raízes históricas, questões geopolíticas e impacto global.

O conflito Israel-Palestina é um dos conflitos mais longos e complexos do mundo, com raízes históricas profundas e implicações geopolíticas significativas. 

Visando o centro desse conflito, encontra-se a organização conhecida como Hamas, que desempenha um papel central na política palestina e nas tensões regionais. Porém quais os  motivos do conflito Israel-Palestina e os objetivos do Hamas.

Hamas e o Islã

O Hamas, ou Movimento de Resistência Islâmica, é uma organização palestina fundada em 1987 durante a Primeira Intifada. Uma das características mais marcantes do Hamas é sua afiliação ideológica ao Islã (Uma religião monoteísta abraâmica que se baseia nos ensinamentos do profeta Maomé, que viveu na Península Arábica no século VII. Os seguidores do Islã são chamados de muçulmanos.) e sua agenda política voltada para a resistência contra Israel. 

Os principais objetivos do Hamas são:

1. Resistência à Ocupação Israelense

O principal objetivo declarado do Hamas é a resistência à ocupação israelense dos territórios palestinos, incluindo a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Para o Hamas, a luta contra a ocupação é uma questão de autodefesa e uma resposta à presença contínua de Israel em terras que consideram como palestinas. 

A organização ganhou apoio de parte da população palestina, especialmente em Gaza, devido à sua imagem como defensora da resistência.

O Hamas argumenta que a ocupação israelense tem causado sofrimento ao povo palestino, levando a uma situação humanitária precária em Gaza e na Cisjordânia. 

Isso alimenta o sentimento de resistência entre a população, fortalecendo o apoio ao grupo.

2. Estabelecimento de um Estado Palestino Islâmico

Além da resistência à ocupação, o Hamas tem um objetivo político de longo prazo: estabelecer um Estado Palestino islâmico na região. Isso significa uma visão de governo baseada na lei islâmica, ou Sharia, como o modelo para um futuro Estado palestino.

O Hamas acredita que um unico Estado Palestino islâmico seja a resposta para tudo e à opressão que os palestinos enfrentam. 

No entanto, essa visão também levanta preocupações e críticas, especialmente por parte da comunidade internacional e de grupos dentro da Palestina que defendem um Estado secular.

Conflito Israel-Palestina

O conflito Israel-Palestina é um conflito de décadas, caracterizado por disputas territoriais, religiosas e políticas. A criação do Estado de Israel em 1948 e a subsequente ocupação de territórios palestinos desencadearam tensões até hoje presentes. Mas como Israel foi criado?

A criação de Israel

foto de israel jerusalem

A migração do povo judeu para a Palestina, que mais tarde resultou na criação de Israel, está relacionada a uma série de fatores históricos, políticos e religiosos. A criação de Israel em 1948 foi um evento que marcou o mundo e enraizado na história do sionismo, do Império Otomano e do Mandato Britânico na Palestina.

Sionismo: O sionismo foi um movimento político e nacionalista que surgiu no final do século XIX e no início do século XX, com o objetivo de estabelecer um Estado judeu na Palestina, que na época fazia parte do Império Otomano.

Declaração de Balfour (1917): Durante a Primeira Guerra Mundial, o governo britânico emitiu a Declaração de Balfour, na qual expressava seu apoio à criação de um “lar nacional para o povo judeu” na Palestina. Isso marcou o início do envolvimento britânico na região.

Partilha da Palestina (1947): Após o término da Segunda Guerra Mundial, a Grã-Bretanha entregou o Mandato da Palestina à ONU. Em 1947, a Assembleia Geral da ONU aprovou o Plano de Partilha da Palestina, que propunha dividir a região em um Estado judeu e um Estado árabe, com Jerusalém sob administração internacional.

Declaração de Independência de Israel (1948): Em 14 de maio de 1948, David Ben-Gurion, líder da Agência Judaica, proclamou a independência do Estado de Israel. Isso levou a uma guerra com os Estados árabes vizinhos, que se opuseram à criação de Israel.

Guerra da Independência de Israel (1948-1949): A declaração de independência de Israel levou a uma guerra que durou até 1949. O conflito resultou na expansão do território israelense além das fronteiras estabelecidas pela ONU, com Israel ganhando o controle de áreas adicionais na Palestina.

Armistício (1949): Em 1949, uma série de acordos de armistício foram assinados entre Israel e os países árabes vizinhos, encerrando formalmente a guerra. No entanto, as questões fundamentais do conflito não foram resolvidas, e os refugiados palestinos se tornaram um problema crítico.

A criação de Israel em 1948 representou a realização de um antigo sonho sionista, mas também deu início a um conflito contínuo entre Israel e os países árabes, bem como com os palestinos, que reivindicam o direito a um Estado próprio até hoje na região.

Porque a Palestina quer tomar Israel?

Porque a Palestina quer tomar Israel Contestação de Territórios

Contestação de Territórios

Uma das raízes do conflito é a disputa por territórios. A questão da soberania sobre Jerusalém, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza tem sido um ponto de discórdia central. Israel reivindica Jerusalém como sua capital unificada, enquanto os palestinos buscam Jerusalém Oriental como a capital de um futuro Estado.

A disputa por territórios é uma das questões mais espinhosas. Os acordos de paz, como os Acordos de Oslo, buscaram resolver essa questão, mas as negociações têm enfrentado dificuldades, levando a tensões contínuas.

As Tensões Religiosas

As tensões religiosas também desempenham um papel significativo no conflito, especialmente em Jerusalém, uma cidade sagrada para muçulmanos, judeus e cristãos. O controle de locais religiosos, como a Esplanada das Mesquitas e o Muro das Lamentações, é uma fonte constante de conflito.

O aspecto religioso do conflito contribui para a sua complexidade e sensibilidade. Incidentes em locais religiosos muitas vezes desencadeiam confrontos e escaladas de violência.

O que são os acordos de Oslo?

Os Acordos de Oslo, também conhecidos como Acordos de Paz de Oslo, são um conjunto de acordos negociados entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) que visavam a busca de uma solução para o conflito Israel-Palestina. Esses acordos foram assinados em uma cerimônia realizada em Washington, D.C., em setembro de 1993, e são considerados um marco importante no processo de paz na região.

Os principais Acordos de Oslo incluem:

  • Acordo de Oslo I (1993): Também conhecido como o “Acordo de Reconhecimento Mútuo”, foi o primeiro passo em direção a um entendimento mútuo entre Israel e a OLP. Este acordo estabeleceu uma estrutura para a autonomia palestina na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, incluindo a divisão dessas áreas em zonas administrativas.
  • Acordo de Oslo II (1995): Também conhecido como “Acordo de Taba”, expandiu o alcance dos Acordos de Oslo I, estabelecendo um calendário para a retirada das tropas israelenses de áreas da Cisjordânia e a realização de eleições para um governo palestino autônomo.
  • Acordo de Interim de Hebron (1997): Este acordo estipulou a retirada israelense da maior parte da cidade de Hebron na Cisjordânia, deixando uma pequena presença militar israelense em áreas de interesse mútuo.

Os Acordos de Oslo foram significativos por várias razões:

Reconhecimento Mútuo: Pela primeira vez, Israel reconheceu a OLP como a representante legítima do povo palestino, e a OLP reconheceu o direito de Israel à existência.

Caminho para a Autonomia Palestina: Os Acordos de Oslo estabeleceram o processo para a criação de uma Autoridade Nacional Palestina (ANP) e uma administração autônoma nas áreas designadas da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.

Esperança de Paz Duradoura: Na época da assinatura, houve esperança de que esses acordos pudessem pavimentar o caminho para uma solução de dois estados, onde Israel e um Estado Palestino coexistiriam lado a lado em paz.

Infelizmente, o processo de paz estagnou e enfrentou desafios significativos ao longo dos anos, incluindo confrontos violentos e impasses nas negociações. Apesar de sua importância histórica, os Acordos de Oslo não conseguiram levar a uma resolução completa do conflito Israel-Palestina como podemos ver nos dias de hoje.

Porque os judeus consideram a Palestina como sua terra ancestral?

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A crença dos judeus de que a Palestina é sua terra ancestral está profundamente enraizada em sua história, religião e tradição. Há várias razões históricas, religiosas e culturais que explicam por que os judeus consideram a Palestina como sua terra ancestral:

  • Ligação histórica e arqueológica: A região da Palestina, que inclui Jerusalém, é mencionada em textos antigos, incluindo as escrituras judaicas, como a Torá. Os judeus têm uma conexão histórica e arqueológica com a região que remonta a milênios.
  • Promessa bíblica: A Bíblia Hebraica (o Antigo Testamento da Bíblia Cristã) descreve a promessa de Deus a Abraão de dar a terra de Canaã, que inclui a Palestina, à sua descendência. Isso é fundamental na fé judaica e é parte do que é conhecido como o “Pacto Abraâmico”.
  • Presença histórica: Apesar do exílio e da diáspora que ocorreram ao longo da história, os judeus mantiveram uma presença contínua na região da Palestina, especialmente em Jerusalém. A cidade é um local sagrado no Judaísmo e abriga o Muro das Lamentações, um dos locais mais reverenciados pelos judeus.
  • Cultura e herança: A cultura e a herança judaica têm sido fortemente influenciadas pela longa presença na região, incluindo o desenvolvimento de tradições religiosas, festas e rituais que estão enraizados na Palestina.

É importante ressaltar que essa ligação dos judeus com a Palestina é inteiramente por parte de sua identidade religiosa e cultural. No entanto, essa crença também é uma das questões fundamentais do conflito Israel-Palestina, uma vez que os palestinos também reivindicam direitos históricos e culturais à mesma terra.

Torá as Escrituras Judaicas

A Torá é o texto sagrado do Judaísmo, que compreende os cinco primeiros livros da Bíblia Hebraica (o Antigo Testamento da Bíblia Cristã). Os cinco livros que compõem a Torá são:

  • Gênesis (Bereshit em hebraico): O primeiro livro da Torá descreve a criação do mundo, a história de Adão e Eva, a história de Noé e a aliança de Deus com Abraão, Isaac e Jacó, considerados os patriarcas do povo judeu.
  • Êxodo (Shemot em hebraico): O segundo livro narra a escravidão dos judeus no Egito, sua libertação liderada por Moisés, os Dez Mandamentos e a construção da Arca da Aliança e do Tabernáculo.
  • Levítico (Vayikra em hebraico): Este livro contém leis religiosas e cerimoniais, bem como diretrizes para o sacerdócio levítico. Ele trata de temas como rituais de sacrifício e pureza.
  • Números (Bemidbar em hebraico): O quarto livro relata a jornada do povo judeu pelo deserto, incluindo a contagem dos israelitas, a rebelião de Corá e a preparação para a entrada na Terra Prometida.
  • Deuteronômio (Devarim em hebraico): O quinto livro da Torá contém uma série de discursos atribuídos a Moisés, que reitera a Lei, lembra a história do povo e estabelece as condições da aliança entre Deus e os judeus.

A Torá é a base das leis religiosas e morais do Judaísmo e desempenha um papel central na vida religiosa e cultural dos judeus. Ela é lida publicamente nas sinagogas durante as cerimônias de sábado e em outras ocasiões religiosas. 

Entretantos cinco livros da Torá não são os únicos, pois os judeus também consideram os livros dos Profetas (Nevi’im) e os Escritos (Ketuvim) como parte de suas escrituras, formando o que é conhecido como a Bíblia Hebraica ou Tanakh.

A Pedra de Fundação em Israel: Portal Sagrado

A Pedra de Fundação em Israel Portal Sagrado

A Pedra de Fundação, que é associada a um portal mitológico mencionado em algumas tradições judaicas e religiosas. Este portal é frequentemente chamado de “Eben Shetiya” em hebraico.

A Pedra de Fundação está localizada na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, um local sagrado tanto para judeus quanto para muçulmanos. Segundo a tradição judaica, a Pedra de Fundação é o local exato onde o mundo foi criado, e é onde o Templo de Salomão, o primeiro Templo Judaico, teria sido construído.

Essa pedra tem significado religioso e histórico profundo, mas não deve ser confundida com um “portal” físico ou mítico que permitiria a passagem para outro mundo ou dimensão. Em vez disso, é uma pedra com grande significado religioso para várias tradições e é um local de peregrinação e adoração.

A Pedra de Fundação está localizada sob o Domo da Rocha, um dos locais mais sagrados do Islã, e a área circundante é um local de tensão contínua entre judeus e muçulmanos devido a sua importância religiosa e política.

Também interessa:

Qual a religião em Israel?

A religião predominante em Israel é o Judaísmo. O Judaísmo tem raízes profundas na história e na cultura do país, e Israel é frequentemente considerado o lar espiritual do povo judeu. Além disso, Israel é um local sagrado para o Judaísmo, abrigando importantes locais religiosos, como o Muro das Lamentações, a Cidade Velha de Jerusalém e o Monte Sinai. 

O país também é conhecido por sua diversidade religiosa, com comunidades significativas de muçulmanos, cristãos, drusos e outras religiões, contribuindo para a rica tapeçaria religiosa de Israel.

Quando vai acabar o conflito Israel-Palestina?

O conflito Israel-Palestina é uma longa história de disputas e tensões e não há previsão para um fim certo. O Hamas, como uma das principais partes envolvidas, tem seus objetivos e motivações próprias, incluindo a resistência à ocupaçãodo território israelense e a busca por um Estado Palestino islâmico. 

A busca por uma solução pacífica para o conflito continua sendo um desafio complexo que requer esforços diplomáticos e negociações.