Tatsuya Nagamine, diretor da série de anime One Piece (2017–2025) e responsável também por títulos como One Piece: Z e Dragon Ball Super: Broly, compartilhou sua visão sobre o apelo único dos animes japoneses e por que eles têm conquistado fãs em todo o mundo — em contraste com o modelo previsível da Disney.
Segundo Nagamine, os animes japoneses se destacam exatamente pela imprevisibilidade.
“Por enquanto, os animes japoneses são os únicos que têm a graça de serem tão bizarros e excêntricos, e você nunca sabe o que vai acontecer a seguir”, afirmou.
Ele compara essa característica ao impacto dos desfiles de moda franceses, em que o público já espera algo ousado e surpreendente. Para o diretor, essa imprevisibilidade se tornou uma marca registrada da animação japonesa.
Tatsuya Nagamine: Anime x Disney – duas formas de contar histórias
Nagamine destacou que, ao contrário da Disney, que mantém uma fórmula previsível em suas histórias, o anime japonês se reinventa a cada temporada:
“Os animes japoneses mudam a cada três meses, já que são transmitidos pela TV. Há uma enorme variedade de obras diferentes sendo produzidas uma após a outra. Não é como o estilo Disney, com finais sempre previsíveis. Talvez o público estrangeiro já esteja cansado desse modelo.”
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Shinji Shimizu, consultor da Toei Animation, reforçou essa visão ao lembrar que a Disney sempre priorizou finais felizes e evitava exibir produções estrangeiras nos EUA, em especial as japonesas:
“O anime japonês é diferente porque não se limita a agradar crianças. O protagonista pode morrer, ou até um vilão se tornar herói. Ele fala também com os adultos.”
Preconceito e reconhecimento internacional
Apesar do sucesso global, alguns criadores de anime ainda sentem resistência de Hollywood. Noritaka Kawaguchi e Mie Onishi, da CoMix Wave Films (Your Name, Suzume), afirmaram que o preconceito de considerar o anime uma “alternativa barata” prejudica sua valorização em premiações internacionais.
Desafios da indústria
Nagamine também falou sobre os impactos da digitalização: os custos de produção caíram, mas a demanda por animações mais sofisticadas elevou os investimentos novamente.
Ele destacou ainda a dificuldade em capturar com perfeição movimentos cotidianos simples, como fumar ou sentar, que exigem um refinamento técnico enorme.
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Já Shimizu reforçou que, mesmo diante desses desafios, o anime segue expandindo seu alcance global.
Para ele, esse apelo está ligado justamente à liberdade criativa que permite explorar temas mais profundos e surpreendentes do que a fórmula fixa da Disney.
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